A consulta oftalmológica de rotina é essencial para qualquer criança, mesmo se não houver evidências de problemas, pois, com ela, é possível diagnosticar e tratar precocemente doenças e distúrbios visuais. No entanto, antes do retorno escolar, a visita ao oftalmologista é ainda mais importante porque o desinteresse pelas aulas e a dificuldade de aprendizado podem estar associados à dificuldade de enxergar.
Muitas vezes, os problemas de aprendizado, e até mesmo de desenvolvimento cognitivo, não acontecem por falta de atenção ou dedicação aos estudos, mas em consequência de distúrbios visuais que não foram detectados. Algumas crianças não enxergam o que está escrito no quadro, enquanto outras podem ter dificuldade de ler de perto. E isso é mais comum do que se imagina.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostram que cerca de 10% das crianças com menos de 4 anos de idade precisam de óculos. Esse número sobe para 20% naquelas com até 10 anos e 30% nos adolescentes.
Principais alterações oculares na idade escolar
Os principais problemas visuais são os erros refrativos – miopia, astigmatismo e hipermetropia –, que são corrigidos com o uso de óculos ou lentes.
Miopia – Ocorre quando o olho é mais longo que o normal, fazendo com que a imagem seja projetada antes da retina. A criança míope enxerga com clareza os objetos próximos a ela, mas possui dificuldade de visualizar os objetos distantes.
Astigmatismo – É uma irregularidade na córnea que faz com que a imagem fique distorcida. Em geral, as crianças que possuem astigmatismo são dispersas e não gostam de ler porque visualizam os objetos de forma embaçada. Elas também se aproximam demais dos cadernos ou dos livros para enxergar.
Hipermetropia – É a condição em que o olho é menor que o normal. A visão é boa de longe, mas há dificuldade em focalizar as imagens de perto. A maioria das crianças é hipermetrope, em grau moderado. A hipermetropia não chega a ser um problema, pois, na maioria dos casos, o grau diminui conforme o crescimento do olho, sendo bastante comum que a necessidade de óculos durante a infância termine na idade adulta.
Outro problema também comum é a ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso” e pode causar a perda da visão. Caracteriza-se pela diminuição da visão em um ou ambos os olhos devido ao desenvolvimento anormal da visão na infância.
O tratamento é feito de forma bem simples, o olho com melhor visão é tapado com uma gaze para que o olho deficiente se desenvolva. O procedimento será bem-sucedido, se a ambliopia for diagnosticada logo nos primeiros anos de vida da criança. A perda da visão pode ser permanente caso a condição não seja tratada antes dos sete anos de idade.
O retorno às aulas é um momento propício para a realização do check-up nos olhos das crianças. A realização de exames de rotina é essencial para avaliar a saúde ocular e atuar na prevenção. É importante ressaltar que muitas doenças oftalmológicas são assintomáticas, enquanto outras se manifestam já em estado avançado. O acompanhamento, desde cedo, ajuda a evitar o agravamento da situação.
Fique atento às crianças! E lembre- se: o médico oftalmologista é o profissional indicado para diagnosticar qualquer alteração visual e esclarecer todas as suas dúvidas.
Fonte: Revista VejaBem I Conselho Brasileiro de Oftalmologia