A saúde ocular é uma preocupação crescente em um mundo onde passamos cada vez mais tempo em frente a telas de computadores, smartphones e outros dispositivos digitais. Com isso, a ideia de que exercícios oculares possam ajudar a recuperar ou melhorar a visão tem ganhado popularidade, principalmente nas redes sociais e sites na internet. Mas é muito importante ficar atento, pois várias destas práticas não apresentam evidência científica comprovada de que funcionam.
Primeiramente, é importante entender o que são os exercícios oculares. Esses exercícios incluem uma variedade de práticas destinadas a fortalecer os músculos dos olhos, melhorar a coordenação e a flexibilidade ocular, e aliviar a fadiga ocular. Exemplos comuns são o palming (cobrir os olhos com as palmas das mãos para relaxar), o foco alternado (alternar o olhar entre objetos próximos e distantes) e movimentos de olho em diferentes direções.
Os defensores dos exercícios oculares afirmam que essas práticas podem aliviar sintomas como fadiga ocular, tensão e desconforto, especialmente para aqueles que passam longas horas olhando para telas.
Contudo, quando se trata de recuperar a visão ou corrigir problemas refrativos como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, a eficácia dos exercícios oculares não está cientificamente comprovada. A maioria dos problemas de visão resulta de erros refrativos que envolvem a forma do olho ou a capacidade do cristalino de focar a luz corretamente na retina. Esses problemas não podem ser corrigidos apenas com exercícios, pois envolvem alterações estruturais no olho.
A miopia, por exemplo, é causada por um alongamento excessivo do globo ocular, que faz com que a luz se concentre antes de alcançar a retina. A hipermetropia ocorre quando o globo ocular é muito curto, fazendo com que a luz se concentre atrás da retina. O astigmatismo é causado por uma curvatura irregular da córnea. Nenhum desses problemas pode ser corrigido simplesmente exercitando os músculos oculares. É importante especificar em quais condições alguns exercícios oculares podem ser benéficos. A ambliopia (olho preguiçoso) em crianças é tratada com o uso de tampões oculares. Optamos por ocluir o olho bom para “forçar” o olho ruim a ser usado exclusivamente durante algumas horas por dia. Já alguns tipos de estrabismo, como por exemplo a insuficiência de convergência por ser compensada com exercícios de estímulo da convergência. Esses exercícios, especificamente, ajudam a fortalecer os músculos oculares e a melhorar a coordenação entre os olhos durante a convergência, promovendo uma melhora dos sintomas relacionados a este tipo de estrabismo. No entanto para outros tipos de desalinhamento não há evidência comprovada de que os exercícios oculares ou outras terapias visuais melhorem ou tratem o estrabismo.
Em resumo, enquanto os exercícios oculares podem oferecer benefícios em termos de alívio da fadiga ocular e melhoria da coordenação e da eficiência visual em alguns casos específicos, eles não são uma solução comprovada para recuperar a visão ou corrigir erros refrativos. Para a maioria das pessoas com problemas de visão, a correção adequada com óculos, lentes de contato ou cirurgia é a abordagem mais eficaz. Consultar um oftalmologista é essencial para determinar a melhor solução para suas necessidades visuais individuais.