Thais Bezerra – O que é a Degeneração Macular Relacionada à Idade – DMRI -, e como ela pode afetar a visão?
Fábio Ribas - É uma doença que afeta a área central da retina, a macula, considerada uma das principais causas da cegueira. Ocorre por volta dos 60 anos do paciente, causando um embaçamento e a perda gradativa da visão, limitando as atividades normais da pessoa acometida.
TB – Qual a principal causa da doença?
FR – As causas exatas da DMRI ainda não foram esclarecidas, mas acredita-se estar ligada uma predisposição genética. E também dietas, exposição ao sol, tabagismo, entre outros fatores. Mulheres claras estão mais suscetíveis a essa doença.
"Os hábitos saudáveis continuam sendo a melhor orientação médica para prevenção de diversas doenças” (BOX)
TB – Como enfrentar a DMRI?
FR - É fundamental que o indivíduo tenha em mente que a doença é degenerativa, mas pode ser controlada. Não tem cura, é crônica, pode levar a uma intensa baixa de visão central, porém tem que encarar com o que existe de tratamento, usar óculos, adotar hábitos alimentares saudáveis e as medicações. Após aos 60 anos é de fundamental importância que anualmente procure um retinólogo para o mapeamento da retina, ou seja, do fundo do olho. Uma vez detectado um indício dessa doença, o paciente deve ser acompanhado de perto ou inicie o tratamento.
TB – Com o aumento da expectativa de vida da população, há possibilidade do jovem se prevenir para ter uma visão boa após a terceira idade?
FR – Sim, na verdade, os hábitos saudáveis continuam sendo a melhor orientação médica para prevenção de diversas doenças, entre elas, a degeneração da mácula. Uma boa alimentação, o controle das doenças crônicas tipo pressão alta e diabetes, não ter sobrepeso, uso de óculos com filtros de proteção contra os raios solares, prática de atividades físicas e visitas médicas regulares são as principais dicas para ter uma boa qualidade de vida na terceira idade.
"Uso de células tronco já é uma realidade nos estudos clínicos e existe uma esperança de disponibilidade em breve para a prática clínica” (BOX)
TB – Quais foram os avanços nos diagnósticos e tratamento da retina?
FR – A tecnologia foi bastante generosa para a área Oftalmológica pois tem proporcionado por meio de equipamentos modernos e laser, diagnósticos mais precisos e tratamentos mais certeiros, com mais chance de sucesso. No caso do tratamento da DRMI, durante anos, a fotocoagulação a laser, era a única alternativa, conseguia reduzir a progressão da doença, mas recuperava quase nada da visão perdida. A nova classe de remédios antiangiogênicos ou anti-VEGF, com aplicação intravítreo, realizada mensalmente, pode preservar ao máximo a visão do paciente e em alguns casos até melhorar a visão.
TB – Qual a real situação do uso de células-tronco para tratamento das doenças de retina no Brasil?
FR – A terapia celular com uso de células tronco é uma grande esperança para tratamento das diferentes doenças da retina, especialmente das degenerativas que poden levar a perda irreversível da visão. O tratamento dessas enfermidades ainda é um grande desafio dentro da pesquisa oftalmológica. Vários estudos clínicos são realizados para avaliar a segurança e a eficácia. Uso de células tronco já é uma realidade nos estudos clínicos e existe uma esperança de disponibilidade em breve para a prática clínica.
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TB – Percebe-se que a questão da saúde dos olhos é algo que as pessoas costumam deixar para cuidar só quando algo incomoda mais seriamente, qual sua orientação para os pacientes?
FR – Realizar consultas de rotina com o oftalmologista é fundamental para identificar as doenças precocemente e assim evitar o avanço e a baixa visual. O exame do fundo de olho feito por um retinólogo e as novas tecnologias avançadas permitem melhor acompanhamento e um diagnóstico preciso. Quanto mais cedo se inicia o tratamento mais chances de ter uma qualidade de vida com uma boa visão.