O último dia 26 de maio foi dedicado ao Combate Nacional de Glaucoma. A doença, considerada a maior causa cegueira irreversível no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge cerca de 4,5 milhões de casos de perda total de visão, de acordo com a Associação Mundial do Glaucoma.
Se não for tratada a tempo, o Glaucoma é uma doença ocular capaz de causar a cegueira. Mais de 900 mil pessoas têm a doença no Brasil e 80% dos glaucomas não causam dor ou incômodo no início. É uma doença crônica e que não tem cura, mas na maioria dos casos pode ser controlada com o tratamento correto e contínuo.Quanto mais cedo a doença for descoberta, maiores serão as chances de evitar a perda da visão.
Com relação às cirurgias, ocorreu uma evolução nas técnicas cirúrgicas com as cirurgias a laser com implante de um dispositivo. Essas duas técnicas ressaltam numa maior precisão ao cirurgião, além da eficácia e menores complicações ao procedimento cirúrgico, proporcionando ao paciente uma recuperação mais rápida e segura. O glaucoma é uma doença silenciosa, então, para ser detectado, é preciso prevenir. O dia Nacional de combate ao Glaucoma é uma data propicia às reflexões sobre a doença, principalmente, em como ela afeta a qualidade de vida dos pacientes que são acometidos por este mal.
Confira mais detalhes sobre tratamento e prevenção sobre o Glaucoma na entrevista com o oftalmologista Dr. Mário Ursulino, do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS).
Revista da Cidade – O que é a doença e como se manifesta?
Mário Ursulino – O glaucoma é uma doença causada pela lesão do nervo óptico relacionada, na grande maioria dos casos, à pressão intraocular elevada, devido ao bloqueio do escoamento do humor aquoso, líquido que circula no interior de nossos olhos.
RC – Quais os fatores de risco?
MU – Os principais fatores de riscos do glaucoma são: pressão ocular elevada, pessoas acima de 40 anos, casos de glaucoma na família, etnia negra, diabetes ou hipertensão arterial, miopia alta, uso prolongado e contínuo de esteroídes/cortisona.
RC – Quais sintomas são mais evidentes e quando se deve procurar o médico?
MU – 80% dos glaucomas não apresentam sintomas no início da doença. É uma doença crônica que não tem cura, mas, na maioria dos casos pode ser controlada com tratamento adequado e contínuo. A consulta de rotina é imprescindível para o diagnóstico e acompanhamento da doença, pois quando não tratada, pode levar à cegueira. Os sintomas costumam aparecer em fase avançada, quando crônico , isto é, o paciente não nota a perda de visão até vivenciar a "visão tubular", que ocorre quando há grande perda do campo visual (perda irreversível).
RC – Como é feito o diagnóstico de glaucoma?
MU – A consulta regular ao oftalmologista é o principal meio para detecção da doença. Durante a consulta são realizados a medição da pressão intraocular e avaliação de fundo de olho, e caso haja necessidade, exames específicos serão indicados, tais como: retinografia colorida, curva tensional diária, paquimetria, campo visual e tomografia ocular.
RC – Quais são os tratamentos disponíveis?
MU – Em geral o tratamento é realizado por meio de colírios, entretanto, caso o tratamento clínico não apresente resultados satisfatórios a cirurgia torna-se a única opção.
RC – Como conviver com o glaucoma?
MU - O glaucoma não é contagioso, não ameaça a vida e, se for precocemente diagnosticado e tratado, raramente leva a cegueira. Embora não possa ser curado, pode ser, na maioria dos casos, controlados.
RC – Quais são as possíveis complicações do glaucoma?
MU – A cegueira é o principal risco da doença, por se tratar de uma doença silenciosa, que geralmente no início não apresenta sintomas, e progride lentamente sem que o paciente se dê conta da perda visual. Por isso, é importante o exame oftalmológico anual preventivo, principalmente após os 35 anos de idade, mesmo que o paciente nada reclame dos olhos.
RC– É possível ficar longe do glaucoma somente com a prevenção?
MU -O tratamento que precisa ser feito ao longo da vida é a prevenção, impedindo que a doença se desenvolva, através do controle da pressão intraocular, já que não é possível trazer de volta a visão perdida causada pelo glaucoma. Assim como outras doenças oculares, quanto mais cedo diagnosticada, mais chances de sucesso no tratamento, por isso, é tão importante o acompanhamento oftalmológico regular.
RC – Há alguma técnica ou procedimento inovador no tratamento?
MU – Em relação às cirurgias, houve uma evolução nas técnicas cirúrgicas com as cirurgias a laser e com implante de um dispositivo chamado Ex-press, este último, trata-se de um dispositivo de drenagem implantado no olho, no túnel escleral (branco do olho), por meio de uma pequena incisão, permitindo a passagem do líquido e o consequente controle da pressão intraocular. Já a cirurgia a laser atua na diminuição da produção do líquido interno do olho, eliminando parte dessa produção, responsável pelo aumento de pressão intraocular, com menos restrições no pós-operatório do que a cirurgia tradicional. Essas duas técnicas oferecem mais precisão ao cirurgião, além de eficácia e menores complicações ao procedimento cirúrgico, proporcionando ao paciente uma recuperação mais rápida e segura.
Autor: Fonte: Revista da Cidade por Lara Aguiar