Muita gente não sabe, mas o hábito de coçar os olhos com frequência pode causar problemas na córnea, originando o Ceratocone. A doença não é muito falada, mas compromete a visão e atinge principalmente os adolescentes e jovens. Ela chega de forma silenciosa e na sua fase inicial não é percebida pela maior parte dos pacientes, muitas vezes o ceratocone está ligado a algum quadro de alergia gerando sintomas como embaçamento e distorção das imagens, fotofobia, irritação ocular e alteração do grau mais rápida do que o comum. Para esclarecer mais sobre o Ceratocone, o médico oftalmologistas do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS), Dr. Allan Luz, respondeu a algumas perguntas.
O que é o Ceratocone?
É uma distrofia ectásica que é caracterizada por afinamento, protrusão e falência biomecânica da córnea, em outras palavras, uma doença da córnea, que ocorre devido ao ato de coçar os olhos ou recebida geneticamente, e que transforma a córnea, alterando seu perfil de rigidez e isso causa piora da visão.
Como identificar a doença, quais são os primeiros sintomas?
Geralmente ocorre o aumento do grau dos óculos, muito frequentemente devido ao aumento do astigmatismo e mais comumente miopia; borramento visual (qualidade visual prejudicada pelas aberrações de alta ordem induzidas pela córnea irregular) e vontade de coçar os olhos além do normal.
Existe uma faixa etária com maior risco de desenvolver o ceratocone?
Mais comumente inicia-se na segunda década de vida, na puberdade. O maior fator de risco é coçar os olhos e ter familiares com ceratocone.
Quais são os fatores que ocasionam a doença? Existe prevenção?
A melhor prevenção é evitar coçar os olhos e consultar um especialista realizando exames da córnea anualmente, pois atualmente, diferentemente de anos atrás, temos um tratamento a ser realizado se a doença estiver em evolução e em estágio inicial.
Se não diagnosticado a tempo o ceratocone pode evoluir para cegueira?
O Ceratocone em estágio avançado pode ser responsável por baixa da acuidade visual chegando a níveis que consideramos cegueira, porém, diferente de outras doenças como glaucoma ou algumas doenças na retina, o processo é reversível com o transplante de córnea.
Como é feito o tratamento?
Primeiro devemos determinar em que estágio da doença o paciente está, a tomografia corneana nos auxilia a diagnosticar as formas iniciais da doença e o tratamento precoce confere melhores resultados.
Depois devemos avaliar se a doença está em evolução ou estabilizada, pois se estiver em evolução o tratamento conhecido como CrossLinking aparece como a melhor opção. Esse tratamento foi idealizado na Suíça sendo realizado na Europa há mais de 10 anos.
No estágio intermediário o implante de anel dentro da córnea consegue reverter a irregularidade corneana e melhora a visão dos pacientes principalmente se a miopia estiver presente. Esse tratamento foi iniciado por um brasileiro, em Minas Gerais, Dr. Paulo Ferrara.
Por fim, em casos avançados o melhor é o transplante da Córnea. O Transplante Lamelar retira apenas as camadas acometidas pela doença. Esse é um transplante mais inteligente, personalizado, que reduz a chance de rejeição. O transplante convencional, que retira toda a córnea do paciente, é reservado para um grupo pequeno de casos muito avançados quando já existem cicatrizes na córnea.
Caso seja necessária uma cirurgia como é a recuperação?
Normalmente quando é feito o implante de anel e o CrossLinking em uma semana o paciente pode retornar às suas atividades normais. O transplante deve ser avaliado a cada caso. O importante é o paciente com ceratocone ser avaliado por um especialista que entenda das novas tecnologias para poder oferecer o que a medicina tem de mais moderno no mundo que hoje está disponível em Sergipe, no HOS.