O retinólogo Dr. Fábio Ribas foi capa do caderno Revista da Cidade, do Jornal da Cidade, deste domingo (18), com matéria sobre a importância do Teste do Olhinho na prevenção da cegueira evitável.
Confira a matéria na íntegra:
Teste do Olhinho pode evitar 80% dos casos de cegueira infantil
Antes apenas obrigatório para partos de alto risco, prematuros e bebês nascidos com histórico de infecção, hoje o Teste de Olhinho, também chamado de Teste de Reflexo Vermelho, é recomendado como forma de prevenção de doenças oculares.
Conforme dados do Ministério da Saúde, por meio do teste do olhinho, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados, mas, como na maioria dos serviços pediátricos do país, os recém-nascidos não são examinados adequadamente e não há cobrança dos pais, muitas vezes por puro desconhecimento. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) estima que 40 mil crianças sejam cegas no mundo e, desse total, 94% encontram-se nos países em desenvolvimento.
Em Sergipe, entretanto, a realidade já começou a mudar, de acordo com o Dr. Fábio Ribas, retinólogo do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS). Ele, que foi pioneiro na realização do Teste do Olhinho na Maternidade Santa Helena, diz que nos últimos anos graças à disseminação de informação, muitos pais antes mesmo do bebê nascer, já estão cientes da necessidade do exame e procuram o serviço médico.
Como funciona?
Segundo Dr. Fábio Ribas, o teste do olhinho é um procedimento simples, rápido e não invasivo, que consiste na observação do reflexo da pupila da criança. “O médico incide uma fonte de luz na pupila da criança e observa a cor do reflexo – que geralmente é vermelho ou alaranjado, a depender da luz incidida. A partir deste reflexo, é possível constatar a presença de vários tipos de lesões como retinoplastia da prematuridade, cegueira, glaucoma, catarata, ou ainda infecções e traumas".
Entretanto, o médico frisa que o exame mais completo realizado atualmente consiste em dilatar a pupila e verificar todo o fundo do olho. Desta forma, é possível identificar precocemente problemas mais severos, como por exemplo, tumores.
A orientação é que o teste seja feito ainda na maternidade ou em consultório oftalmológico nos 30 primeiros dias de vida do bebê para que, se houver problema, ele seja descoberto logo no início. Com exceção no caso de prematuros extremos.
Em situações de prematuro extremo, pedimos os 30 dias para que o olho do bebê amadureça, mas também não mais do que isso. E o bebê saudável, mesmo que não tenha feito nos primeiros 30 dias, é importante que faça o mais rápido possível”, diz o especialista.
Dr. Fábio Ribas faz um alerta ainda quanto a necessidade deste exame e do acompanhamento oftalmológico, mesmo que os pais achem que o bebê não tem problemas de visão. “É muito difícil os pais perceberem problemas. A alteração precisa ser muito grande para ser notada apenas com observação. Por exemplo, quando o olho do bebê não fica parado, está sempre mexendo de um lado para o outro; quando há algum desvio – estes são sinais que os pais percebem. Entretanto, para descobrir causa, é preciso consultar o médico. Mas o mais importante é fazer o teste mesmo sem perceber nenhuma alteração. Em muitos casos, os olhos parecem estar bem, mas podem conter alguma alteração”, fala.
Tratamento
De acordo com a lesão e patologia, quanto mais cedo o diagnóstico, mais rápido e efetivo será o tratamento. Se for infecção, o tratamento é geralmente a base de colírios. Glaucoma e catarata congênita são tratados com cirurgia e retinoplastia de prematuridade, que hoje em dia, é um dos focos principais do teste do olhinho, pode ser tratado a laser e em casos mais avançados, com cirurgia.
Saiba mais
Segundo a SBPO, na maioria dos serviços de neonatologia do país, os olhos dos recém-nascidos não são adequadamente examinados. Como resultado, mais de 50% dos recém-nascidos só tem a alteração descoberta quando estão cegos ou quase cegos para o resto da vida. A SBOP prevê cerca de 710 novos casos de cegueira por ano.