O especialista em retina do HOS, Dr. Fábio Ribas foi o entrevistado da última edição do caderno Revista da Cidade, do Jornal da Cidade, para falar sobre os principais mitos e verdades da oftalmologia. A publicação teve amplo destaque ganhando também a capa do caderno e uma chamada na capa do jornal.
Confira aqui a entrevista:
Principais mitos e verdades sobre saúde ocular
Quem nunca ouviu falar sobre alguma fórmula caseira para curar terçol? Ou que ler em um automóvel pode provocar descolamento da retina? O oftalmologista especialista em retina e vítreo do Hospital de Olhos de Sergipe, Dr. Fábio Ribas esclarece estas e outras dúvidas acerca dos cuidados com os olhos.
Revista da Cidade: É verdade que temos que trocar os óculos de grau a cada ano?
Fábio Ribas: Não necessariamente. Entretanto, é importante ter ciência que as lentes de óculos sofrem alterações físicas ocasionadas pelo seu uso e desgaste e que exames preventivos periódicos devem ser feitos nos olhos. É prudente realizar exames oftalmológicos semestralmente em crianças e adolescentes diagnosticados com alterações visuais e anualmente, em crianças, adolescentes e adultos não usuários de óculos.
Revista da Cidade: Óculos comprados em camelôs tem contraindicações?
Fábio Ribas: Sim. Os óculos de grau e de sol comprados em camelôs são prejudiciais à visão. No caso dos óculos de sol, geralmente, são de má qualidade e não possuem proteção contra os raios UV, podendo provocar doenças, a exemplo da catarata.
Já os óculos de grau, é necessário que eles sejam confeccionados sob medida, pois cada pessoa tem uma distância entre os olhos que varia de acordo com o tamanho do seu rosto. óculos comprados prontos dificilmente apresentam o centro óptico para os olhos de quem os usa. Assim, o usuário consegue enxergar, mas depois de um tempo começa a sofrer de alguns desconfortos visuais, como dor de cabeça, ardor e lacrimejamento.
Esses não são os únicos inconvenientes em utilizar esse tipo de óculos. Quem usa graus diferentes nos olhos acabam forçando mais um dos olhos ( já que dificilmente encontrará um exemplar com o grau correto para os dois olhos), ocasionando problemas como vista cansada e astigmatismo.
Comprar óculos dessa forma, portanto, acaba sendo algo temerário. Mesmo tendo o grau estabilizado, é essencial que o usuário de óculos compareça a uma consulta oftalmológica anualmente para realizar um exame completo a fim de evitar e diagnosticar precocemente doenças oftalmológicas.
Revista da Cidade: É verdade que assistir televisão de perto ou mesmo usar o computador por muito tempo pode prejudicar a visão?
Fábio Ribas: Ver televisão de perto pode causar cansaço ocular, mas não traz prejuízo aos olhos. Quanto ao uso do computador, não há nenhum estudo científico que comprove que os computadores são prejudiciais à visão.
A quantidade de radiação ultravioleta emitida pelos computadores está abaixo daquela que provoca catarata e outras doenças oculares. Entretanto, uma variedade de sintomas como dor de cabeça, ardor, lacrimejamento e visão embaçada podem ocorrer pelo seu uso excessivo. Por isso, é recomendado um descanso de 10 minutos para cada hora de trabalho à frente do computador. Caso esses sintomas sejam persistentes, procure um oftalmologista.
Revista da Cidade: Vista cansada é mais comum em pessoas que tem o hábito da leitura?
Fábio Ribas: Não. A presbiopia, mais conhecida como vista cansada, aparece em torno dos 40 anos de idade, independentemente de hábito de leitura. Com o passar do tempo, o cristalino vai perdendo o poder de acomodação e assim, ocorre uma dificuldade para enxergar de perto, sendo então prescritos óculos.
Revista da Cidade: Ler em automóvel pode provocar descolamento de retina?
Fábio Ribas: Não, o movimento em qualquer meio de locomoção não provoca DESCOLAMENTO DE RETINA. Porém, não se recomenda a leitura em movimento, pois o esforço será maior, podendo levar a um cansaço visual e o surgimento de sintomas como DOR DE CABEÇA, ARDOR, LACRIMEJAMENTO, DOR OCULAR.
Revista da Cidade: Lavar os olhos com água corrente é indicado para quem tem olho seco?
Fábio Ribas: Não. O olho seco é uma alteração ocular, em que ocorre uma diminuição da produção de lágrima. Inúmeras são as causas de olho seco, sendo mais frequentemente, associado a doenças reumáticas. A idade e alguns medicamentos como os betabloqueadores, antidepressivos, diuréticos, antialérgicos, também podem provocar uma diminuição do filme lacrimal. O tratamento inicial é COLÍRIO lubrificante para evitar lesões na CÓRNEA. Nos casos mais graves pode haver a necessidade da obstrução do ponto lacrimal, que pode ser temporária ou definitiva.
Revista da Cidade: Passar o anel quente no terçol pode curá-lo. Mito ou verdade?
Fábio Ribas: Mito. Esta é uma crença popular, que infelizmente ainda é muito divulgada pelos mais velhos e não é indicada porque o anel contém bactérias que podem até mesmo piorar o inchaço no olho. O melhor e mais eficaz tratamento é colocar compressas mornas. Colírios apenas se forem indicados por um oftalmologista.
Revista da Cidade: É verdade que exercícios físicos podem contribuir para a saúde dos olhos? Que hábitos devemos preservar para manter a saúde ocular em dia?
Fábio Ribas: A prática de exercícios físicos, uma alimentação saudável ( com ingestão de peixes, folhas verdes, legumes de cor alaranjada, frutas vermelhas e cítricas) e não fumar podem contribuir para a manutenção da saúde ocular e evitar doenças como degeneração ocular e olho seco. É muito importante também consultar anualmente um oftalmologista a fim de diagnosticar precocemente doenças e tratá-las. O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz reduzindo as chances de perda de visão.