Revista da Cidade – Quais são as tecnologias mais avançadas em Sergipe relacionadas ao tratamento de catarata?
Mário Ursulino – As tecnologias mais avançadas para cirurgia de catarata estão disponíveis em Sergipe e no HOS. Em primeiro lugar, oferecemos a nova cirurgia de catarata a laser utilizando o laser mais conceituado e vendido no mundo, o LenSx, que já realizamos desde outubro de 2013. A precisão, reprodutibilidade, segurança do procedimento vem conquistando gradualmente a classe oftalmológica, mas devido a tudo que é novo e o alto custo de aquisição não vão permitir a popularização do procedimento a curto prazo. Outra novidade é a tecnologia Verion, americana, que permite uma melhor precisão do posicionamento das lentes intraoculares (LIO) tóricas (para astigmatismo) e multifocais (com grau longe, intermediário e perto), implantadas durante a cirurgia de catarata. Mas uma boa cirurgia requer um bom microscópio para o cirurgião e usamos o Lumera T e um preciso aparelho de cálculo e medição à laser da LIO, em ambos usamos aparelhos da firma alemã Zeiss, considerados top nestes quesitos. A primeira etapa da cirurgia é feita com o laser LenSx e a segunda com o mais moderno facoemulsificador, o Centurion, e implantamos as mais vendidas e renomadas LIOs, a Acrysof do laboratório americano Alcon, através de um injetor pré-carregado, AcrySert® Pre-Loaded Delivery System, que possibilita mais segurança, menor risco de contaminação e menor tempo no processo cirúrgico. As lentes intraoculares Acrysof dispõem de vários modelos: alta miopia, alta hipermetropia, corrigindo todo o grau de longe ou corrigindo o grau completo (longe e perto). Com as modernas lentes multifocais , o paciente pode se libertar ou diminuir a dependência dos óculos, o que representa uma liberdade sem igual e uma grande economia ao evitar a compra anual de óculos multifocais.
RC – Como são os procedimentos? Tem sidos cada vez mais rápido o pós-operatório, como menos efeitos colaterais?
MU – Embora os avanços tecnológicos têm beneficiado e auxiliado a área de saúde tornando os procedimentos cirúrgicos mais seguros e sofisticados, exige-se ainda muita técnica do médico cirurgião. É como pousar um grande avião: para o passageiro é suave e rápido, mas para o piloto requer muito conhecimento, calma e perícia. A cirurgia hoje para o paciente ficou mais rápida, indolor e com anestesia tópica, sem injeção e sem curativo oclusivo. Assim, com a nova técnica de pequena incisão que dispensa sutura na maioria dos casos, o risco de infecção pós-operatória é mínimo. No HOS, há mais de 18 anos, não temos nenhuma infecção pós-operatória em nenhuma especialidade oftalmológica. Mas devemos estar sempre atentos para evitá-la. Os demais e poucos efeitos colaterais possíveis se evitam com um bom e acurado exame pré-operatório, com um cirurgião hábil e experiente e com o paciente seguindo as orientações pós-operatórias.
RC – Qual a importância de eventos como esse em que se reúnem oftalmologistas de todo o País para discutir diversos temas, entre eles a catarata? O que pode se dizer que aprendeu ou inclui na bagagem do conhecimento para aplicar nos cuidados com os pacientes?
MU – Todo congresso e/ou reunião científica aprende-se nas salas de aula com os palestrantes e também nos corredores com a troca informal de conhecimento entre nós oftalmologistas. O Congresso Norte-Nordeste que aconteceu recentemente em Maceió, aonde a equipe médica do HOS participou com vários colegas palestrando, além das residentes apresentando pôsters científicos, mostrou a exuberância da oftalmologia nordestina, que nada deve aos congressos realizados no Sudeste. Sempre aprendemos algo a mais, porém quando percebemos durante o evento que na nossa área (catarata) estamos no topo da atualização, sendo convidado para palestras e participações em sessões importantes, voltamos satisfeitos e renovados para manter essa vanguarda no Nordeste e no Brasil.
RC – Ainda existe preconceito com relação à cirurgia? As pessoas ainda têm medo de perder a visão?
MU – O preconceito em relação à cirurgia de catarata é insignificante atualmente. Fica restrito a pessoas muito idosas que por acomodação e medo, evitam se operar, ou aquelas que por desconhecimento temem a cirurgia, mesmo sendo com anestesia tópica. O medo de perder a visão é habitual toda vez que se realiza uma cirurgia , mas a mínima invasão do procedimento cirúrgico e baixíssima taxa de complicação fazem com que paciente enfrente sem temor maior. O boca a boca favorável entre os pacientes e necessidade de enxergar melhor são os melhores convencimentos.
RC – Já que a maioria dos pacientes com sintomas de catarata é composta por idosos, há algum tipo de tratamento diferenciado para esse público?
MU – O tratamento clínico é a cirurgia. Possuímos uma equipe de assistência especializada e acolhedora para tornar o processo cirúrgico numa experiência em busca do bem-estar, da qualidade de vida e da boa visão. O investimento em tecnologia, o diálogo com o médico e com setor de orientação cirúrgica, o acolhimento durante o centro cirúrgico e a disponibilidade do meu celular e do anestesista no pós-operatório , transformam todas as etapas próximas e transparentes sempre pensando no conforto e na segurança do paciente.
Fonte: Jornal da Cidade – Caderno Revista da Cidade – 27/03/2016