A queixa de lacrimejamento é bastante comum no consultório oftalmológico. É importante diferenciar o lacrimejamento, que é a produção aumentada da lágrima, da epífora, que é o excesso de lágrima decorrente de seu escoamento insuficiente. A lágrima é produzida pelas glândulas lacrimais e drenada para a cavidade do nariz pelo sistema lacrimal de drenagem.
O lacrimejamento pode ocorrer em doenças da superfície ocular, pálpebras, inflamações intra-oculares e glaucoma congênito. É ainda uma queixa comum em pacientes alérgicos. O tratamento será realizado de acordo com a doença que está causando este transtorno; por exemplo, pacientes que apresentam os cílios tocando o olho, serão tratados através da remoção dos cílios ou tratamento cirúrgico, redirecionando os cílios para fora dos olhos.
Já a epífora pode acometer crianças e adultos. Nos bebês sua causa mais comum é uma obstrução do canal lacrimal, ocorrendo em aproximadamente 4 a 6% dos recém-nascidos e na maior parte das vezes de forma unilateral. A principal causa de obstrução é a persistência de uma membrana no local de abertura do ducto nasolacrimal, na cavidade nasal. Geralmente a combinação da história de “lacrimejamento”; presença de secreção muco purulenta, aspecto de “olho melado”; e dermatite na pálpebra inferior, na vigência de um olho calmo e sem sinais inflamatórios, é bastante sugestiva da obstrução do ducto nasolacrimal. O principal diagnóstico diferencial é com conjuntivite, principalmente nos casos bilaterais, embora nas conjuntivites, além da secreção, exista a vermelhidão conjuntival e o edema palpebral.
O tratamento da obstrução do ducto nasolacrimal é a princípio conservador, já que aproximadamente 90% dos casos apresentam resolução espontânea. É importante enfatizar os cuidados com a higiene, removendo a secreção em excesso, além da massagem. A sondagem e irrigação do ducto nasolacrimal deve ser realizada quando não ocorrer resolução espontânea. A época da realização da sondagem varia entre 10 e 14 meses de vida, com sucesso em aproximadamente 90-95% dos casos, salvo quando a obstrução se deve a alterações graves da via excretora onde a taxa de sucesso é menor. Quando persiste a obstrução após a sondagem, pode ser realizada uma segunda e até terceira sondagem, embora a intubação do ducto nasolacrimal com silicone, utilizando-se de sonda de Crawford ou similar, seja indicado. Esta sonda de silicone permanece por aproximadamente 6 a 8 semanas e pode ser removida no consultório, sem sedação. Para os casos mais raros, onde não houve resolução da obstrução com a sondagem e/ou intubação da via lacrimal, está indicado a dacriocistorinostomia.
No adulto, a fisiopatologia da obstrução nasolacrimal adquirida ainda não está completamente esclarecida, sendo (46%) de causa desconhecida; é mais comum no sexo feminino. Outras causas são: trauma na região do nariz, quadros de sinusites recorrentes ou tumores. O tratamento definitivo é cirúrgico: dacriocistorrinostomia.
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