Embora o diagnóstico de Glaucoma não seja mais um veredicto absoluto de cegueira – visto os inúmeros avanços nos tratamentos, que possibilitam a estabilização da progressão da doença -, ainda assim a doença é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 64,3 milhões de pessoas entre 40 e 80 anos têm alguma forma de deficiência visual ocasionada pelo Glaucoma e segundo projeção da entidade, em 2040 serão mais de 111,8 milhões de pessoas atingidas pela doença, por isso, se faz tão importante o Maio Verde, campanha de alerta sobre seu diagnóstico precoce.
“Não há sinal de alerta”
Assintomática na maioria dos casos, a doença frequentemente só é descoberta quando o paciente já teve perda visual significativa. “Na fase mais inicial, é uma perda visual que a pessoa não percebe, só fazendo avaliação oftalmológica, o médico vai poder observar se apresenta sinais de alteração para glaucoma e pressão intraocular alta. Quando o paciente chega no momento do diagnóstico com uma perda visual muito avançada não tem mais como reverter. Todo o tratamento é feito para preservar a visão que a pessoa ainda tem. Na maior parte dos casos não há um sinal de alerta para procurar o oftalmologista, sendo muito importante o exame oftalmológico de rotina para identificar a doença nas fases mais precoces, quando ainda não houve uma perda visual mais intensa”, explica o especialista do Hospital de Olhos de Sergipe, Diego Torres.
A fala do médico, sobretudo, serve de alerta para as pessoas que já têm algum ou alguns dos fatores de risco para a doença, como : histórico familiar, fatores oculares como pressão ocular alta e a faixa etária. “A doença é muito mais comum em idosos e a cada década de vida, o risco aumenta. Por isso, as pessoas que apresentam fatores de risco têm de ser sempre observados”, aponta Torres.
O especialista detalha que apesar de assintomática, alguns casos pontuais podem sim ir contra essa ‘regra’. “Existem algumas situações, em que a pressão intraocular está muito elevada e a pessoa vai ter sintomas agudos, como os olhos muito doloridos, vermelhos, visão turva de maneira mais aguda, mas isso é a grande minoria dos casos”, ressalta.
Glaucoma Congênito
Apesar de infrequente, o Glaucoma pode atingir também crianças. “Quando acontece, de forma geral, são casos bastante graves. Os glaucomas congênitos são casos muitas vezes mais difíceis de controlar porque de maneira geral envolvem alterações na estrutura do olho, mal-formações que resultam em pressões oculares muito altas e como o olho da criança ainda está em desenvolvimento pode ocorrer uma deformação da estrutura por conta da pressão alta. O prognóstico é mais complicado por isso e também pela questão do tempo, visto que diante da quantidade de anos que esse paciente conviverá com a doença, a tendência é ter uma perda visual maior”, diz e acrescenta que ao contrário dos pacientes adultos, os casos em crianças terão sempre tratamento cirúrgico.
Cuidado com os Corticóides
O Glaucoma pode ser associado ainda ao uso indiscriminado de corticóides. Antes de nomeá-los vilões, é importante ressaltar que esse tipo de medicação é utilizado dentro da oftalmologia para muitos tratamentos, entretanto, devem ser utilizados apenas sob supervisão médica e por curtos períodos. “O que acontece é que muita gente acaba utilizando por conta própria quando o olho irrita e o uso prolongado pode influenciar na formação de catarata, e além disso, fazer com que a pressão do olho aumente. Por conta desse aumento de pressão a pessoa pode, consequentemente, desenvolver glaucoma corticogênico”, detalha.
Tratamentos
Todos os tratamentos para Glaucoma vão atuar para evitar que a doença progrida e para impedir que a visão piore. Inicialmente, a depender do caso, serão utilizados colírios para diminuir a pressão intraocular, mas há diversas outras opções de tratamento a exemplo de lasers,cirurgias incisionais ( com corte) e minimamente invasivas ( geralmente realizadas em casos selecionados associadas à remoção de catarata).
“O grande mito que circunda o Glaucoma é que não existe tratamento. Talvez pelo fato de não conseguirmos melhorar a visão. Às vezes, o paciente acha que não tem o que fazer porque já teve uma perda importante de visão ou por exemplo, que não existe cirurgia para glaucoma, porque a cirurgia de fato não vai trazer a visão de volta. Mas existem diversos tratamentos para se buscar impedir que a doença avance e assim preservar a visão, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente”, garante.