O olho seco pode ser considerado uma síndrome do mundo moderno. O hábito de ficar horas em frente às telas de celulares, tablets, computadores ou televisão tem aumentado as queixas de coceira e vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, sensação de corpo estranho ou de ter areia nos olhos, aumento da sensibilidade à luz e oscilação na visão, sintomas característicos da síndrome do olho seco. E, durante a pandemia de Covid-19, isso só piorou, devido ao uso abusivo desses dispositivos eletrônicos.
A doença é caracterizada pela diminuição da quantidade de lágrimas, o que deixa o olho mais seco que o normal, prejudicando a lubrificação da área. Quando ficamos muito tempo em frente às telas, há uma tendência em piscar os olhos menos vezes que a forma habitual. Isso faz com que o olho não seja lubrificado adequadamente e, por isso, começamos a sentir os desconfortos.
A síndrome do olho seco pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais frequente após os 40 anos de idade. Além do longo tempo em frente a telas, a doença também tem como fatores de risco:
- Rotina em ambientes muito secos, como trabalhar em locais com ar condicionado ou muito vento;
- Uso de lentes de contato;
- Falta de produção lacrimal. Existem casos de pessoas não produzem lágrimas suficientes para manter os olhos lubrificados;
- Deficiência de vitamina A e de ômega 3;
- Uso de alguns medicamentos, como antidepressivos, antialérgicos, diuréticos, betabloqueadores, anticoncepcionais e outros.
- Algumas doenças oculares, como blefarite, alterações palpebrais ou do piscar, alergia ocular;
- Algumas doenças crônicas, como diabetes, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e doença de Parkinson;
- Menopausa, devido às alterações hormonais;
- Gravidez, também devido às alterações hormonais
Mudanças ambientais para minimizar o desconforto do paciente e uso de lágrimas artificiais (colírio) fazem parte do tratamento. Porém, podem ser necessários outros tratamentos para casos mais específicos e somente o oftalmologista poderá identificar a gravidade da doença. É importante consultar o oftalmologista assim que os sintomas aparecerem, para que seja possível identificar o que está causando o surgimento do olho seco e iniciar o tratamento mais adequado. Sem tratamento, podem ocorrer lesões na córnea que comprometem a qualidade da visão temporária ou definitivamente.
Síndrome do olho seco pode indicar contaminação pelo coronavírus
Um estudo londrino, publicado na BMJ Open Ophthalmology, mostrou que a sensação de olhos secos também pode ser um sintoma prévio da infecção pelo coronavírus, uma vez que a síndrome atingiu 23% das pessoas que mais tarde desenvolveram a doença. Segundo o estudo, a lágrima serve como uma barreira para impedir a entrada de vírus e bactérias, portanto, um olho seco, sem tratamento, favorece a transmissão do novo coronavírus. Além disso, o incômodo pode levar a esfregar e tocar os olhos mais frequentemente, aumentando os riscos de contaminação.
Fonte: Revista Veja Bem I Conselho Brasileiro de Oftalmologia
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