Pensar em submeter-se a uma cirurgia plástica na região dos olhos, mais especificamente nas pálpebras, nem sempre significa uma questão de estética. Apesar de a aparência ser o principal motivo pela procura, algumas doenças oculares provocam esta necessidade. Como explica a especialista e doutorada em plástica ocular e vias lacrimais pela USP, Tânia Pereira Nunes, que hoje desempenha suas atividades no Hospital de Olhos de Sergipe, a cirurgia de pálpebras é procurada tanto pela estética como também pela parte funcional, como algumas outras doenças da pálpebra.
“Dependendo do quadro, se é muito importante, acaba interferindo na visão do paciente. Além disso, hoje em dia, pela questão do trabalho, as pessoas têm uma vida mais longa. Então, existem casos que acabam ficando mais importantes e a cirurgia tem uma boa indicação, que é para a retirada desse excesso de pele na pálpebra”, disse a médica.
A médica acrescenta que a pálpebra, na verdade, é muito importante porque serve de proteção para o olho: “em muitos casos, um problema na pálpebra pode causar um problema no olho. O paciente pode ter lacrimejamento, olho vermelho, ou algum outro problema que na verdade é a pálpebra que está causando. Por isso, é importante lembrar a importância da avaliação da pálpebra no exame oftalmológico”.
E estes problemas da pálpebra podem aparecer desde criança, quando nascem, por exemplo, com pitose palpebral, que é a pálpebra caída – sendo considerado um problema congênito – ou até em pessoas de mais idade. “São muitos problemas, por isso são várias cirurgias de pálpebra, desde estéticas às de correção de alguma doença. Quando é em criança, é muito importante a avaliação da pálpebra nesses casos, e também nas pessoas idosas”, comenta.
Tânia continua dizendo que outro caso é a lesão tipo tumor de pálpebra, que em Aracaju, por exemplo, onde o sol é muito forte, sempre é importante fazer uma avaliação para qualquer lesão que aparecer. “Isso porque se for visto como um caso suspeito de cirurgia é importante fazer a cirurgia para a retirada, para não deixar evoluir”, completa.
A cirurgia
Normalmente, para a blefaroplastia, como é chamada a técnica para retirada de excesso de pele, o paciente faz os exames necessários, uma avaliação com um cardiologista e assim o procedimento é feito de forma ambulatorial. “Assim que termina, o paciente já vai para casa. Depois, retorna para fazer o acompanhamento e a retirada dos pontos. O pós-operatório não é dolorido, passamos a medicação que o paciente tem que usar e o principal é evitar o sol”, continua.
Quanto à contra-indicação, a médica fala que apenas os pacientes que usam alguma medicação que aumenta o sangramento, por exemplo, têm que suspender essa medicação antes da cirurgia. “Mas só essa retirada de pele normalmente não tem nenhum problema que contra-indique”, acrescenta.
“A maioria das pessoas procuram pela estética, mas quando é um caso de muito excesso de pele, normalmente o paciente sente cansaço, um peso na pálpebra, e às vezes isso até interfere no campo de visão, pois a pálpebra atrapalha. Atualmente, como a cirurgia estética está muito em moda, já se fala mais, e muitos procuram por conta própria. Mas alguns colegas encaminham alguns pacientes também”, comenta Dra. Tânia.
No entanto, muitas pessoas ainda não sabem que o próprio oftalmologista também faz a cirurgia estética, e não só o cirurgião plástico. “Tiramos o excesso de pele da pálpebra superior e também as bolsas de gordura de baixo”, conclui.Autor: Hospital de Olhos de Sergipe