Segundo os oftalmologistas do Serviço de Retina do Hospital de Olhos de Sergipe, Fábio Ribas, Gustavo Melo e Mônica Andrade, a retinopatia diabética é uma doença traiçoeira e que pode levar à cegueira sem que a pessoa perceba a gravidade.
Segundo dados populacionais, o diabetes mellitus acomete entre 10 e 15% da população, sendo a grande maioria do tipo 2. No olho, a retina é a região mais comumente e gravemente atingida.
A retinopatia diabética, nome técnico dado a essa doença, é uma das principais causas de cegueira no mundo, chegando a ser responsável por 12% dos casos de perda da visão nos Estados Unidos. No Brasil, já foi mostrado que a retinopatia diabética somada à degeneração macular é a principal causa de cegueira em pessoas idosas num estudo realizado na cidade de São Paulo.
Estima-se que todos os portadores de diabetes tipo 1 e 60% daqueles com o tipo 2 da doença desenvolvam a retinopatia diabética após 20 anos de doença. Portanto, é extremamente importante que seja feito um acompanhamento de perto de todos os diabéticos. Os oftalmologistas recomendam que os clínicos e endocrinologistas sejam consultados regularmente e que seja feito um exame oftalmológico completo, incluindo minuciosa avaliação da retina, pelo menos uma vez ao ano. Aqueles que já têm algum tipo de retinopatia diabética devem fazer acompanhamento ainda mais intensivo, às vezes, com reavaliações a cada 2 ou 3 meses.
Além do tempo da doença, outro fator que leva ao surgimento ou agravamento da retinopatia diabética é o controle inadequado da glicemia (nível de açúcar no sangue). Quanto pior seu controle, maior o risco de perda visual pelo diabetes. Outros fatores que também contribuem para o desenvolvimento da retinopatia diabética são: hipertensão arterial, doença renal, altos níveis de colesterol e gestação. Atenção especial a essa última: gestantes previamente diabéticas têm risco aumentado de desenvolver ou piorar a retinopatia diabética.
Os principais sintomas observados pelos diabéticos são: flutuação da visão, embaçamento constante, pontos ou linhas escuras no campo de visão, além de perda visual súbita. Os especialistas em retina frisam que muitos casos não apresentam quaisquer dos sintomas acima e já podem apresentar a doença num estágio avançado. Portanto, só com avaliações regulares pode ser possível fazer o diagnóstico no momento certo.
Apesar de todos esses riscos, existem formas de prevenir, como já foi citado, e de tratar a retinopatia diabética. O tratamento com laser é o mais eficaz e consagrado. Sua função é reduzir o líquido que se acumula na retina, assim como destruir os vasos anômalos que costumam levar ao sangramento dentro do olho. Se realizado no momento certo e aliado a um bom controle glicêmico, pode prevenir a perda visual. Em casos mais avançados, ainda pode ser necessária a aplicação de medicações intra-oculares, como triancinolona ou bevacizumabe (Avastin®)/ranibizumabe (Lucentis®). Os dois últimos contribuem tanto para a regressão dos vasos anômalos quanto do líquido dentro da retina.
Nas situações mais graves, como sangramento intenso intra-ocular ou descolamento de retina, pode ser necessária uma cirurgia chamada vitrectomia.
Quais as principais recomendações de prevenção?
– Controle glicêmico rigoroso
– Acompanhamento com clínico geral ou endocrinologista periodicamente
– Exame oftalmológico, com avaliação da retina, anualmente nos casos em que não houver retinopatia diabética
– Exame de retina trimestralmente ou mais frequentemente quando houver sinais de retinopatia diabéticaAutor: Hospital de Olhos de Sergipe