A retinopatia diabética é uma lesão causada no fundo do olho pelas complicações do diabetes. Normalmente, segundo a oftalmologista do hospital de Olhos de Sergipe, Mônica Andrade, especialista em retina clínica, no paciente diabético, mesmo controlando, as primeiras alterações no fundo do olho e os sintomas começam a aparecer a partir de cinco a 10 anos de doença.
“O diabetes causa, principalmente, uma alteração na micro-circulação. E a do olho também está incluída e serve de parâmetro porque é o único lugar que podemos olhar a veia e a artéria, sem precisar cortar. Por isso, o que está acontecendo ali pode estar acontecendo, por exemplo, no rim, outro órgão acometido pela doença. Essa alteração na circulação altera os níveis de oxigênio e a célula começa a sofrer, pois os nutrientes não chegam, o que faz com que ela comece a buscar outros meios para poder captá-los”, explica a oftalmologista.
Em decorrência disso, inicia-se uma formação de estruturas anômalas, já que não está chegando sangue e o que chega não tem nutriente suficiente. São produzidos mais vasos e veias para poder chegar mais sangue. No entanto, essas veias acabam sendo doentes, por isso sangram mais. “O tecido começa a sofrer, começam as hemorragias, os vasos doentes aparecem e depois vem o deslocamento de retina, por isso que o diabetes cega, porque chega num ponto que altera de tal forma a estrutura do olho, que não temos muita coisa a fazer, a retina atrofia”, diz a especialista.
Mônica ressalta que o início se dá com a alteração na micro-circulação, já que o diabetes altera os vasos, alterando também a chegada de nutrientes. E completa: “no começo, o paciente não tem queixa, detectamos no exame. E se não são feitos os tratamentos corretos, aí começa a aumentar a área doente, levando a outra. A primeira coisa a fazer, então, é tratar a parte clínica, atuar junto com o endocrinologista, também pedir exame de sangue e acompanhar. Por isso, a primeira coisa, então, é controlar o diabetes”. Nos casos mais avançados, a baixa de visão é um dos sintomas.
Tratamento
Tratada a parte clínica, a primeira coisa a fazer é uso do laser, geralmente o laser de argônio, aplicado no fundo do olho, nas áreas doentes para não deixar que elas cresçam. “Se são lesões que precisam de um tratamento pequeno. Tratamos a área doente para evitar que haja a disseminação da doença. Depois do laser, vem a cirurgia, pois haverá casos em que o laser sozinho não consegue controlar, como hemorragias.
Nesses casos, temos que fazer a cirurgia para limpar, tirar o sangue e a fibrose dos vasos doentes, para fazer o acompanhamento e tentar controlar a doença”.
Mesmo assim, a médica lamenta que alguns pacientes ainda relutem em fazer tanto o tratamento como o acompanhamento. Para prevenir, ela aconselha, pelo menos, o exame anual, que é o mapeamento de retina. Em casos que apresentam alteração, deve ser feito até de seis em seis meses.
“E os endocrinologistas também estão indicando mais o paciente para fazer o exame, porque ele sozinho não vem. Mas isso tem aumentado. É uma questão de conscientização, os pacientes já têm a ideia de que se não fizer podem piorar. Além disso, já existem drogas mais modernas que acabam desinflamando o olho para podermos utilizar melhor ou o laser ou a cirurgia”, continua.
A doença
De acordo com Mônica, a retinopatia diabética pode ser proliferativa e não proliferativa, o que significa com ou sem vasos doentes. Ela começa não proliferativa e se não houver o controle passa a ser proliferativa, o que deixa o controle mais difícil. “Quanto mais avançado, mais complicado. Às vezes, não tentamos nem melhorar a visão do paciente, tentamos controlar como está”, falou ela.
A médica alerta, inclusive, que a retinopatia diabética é grave e um problema de saúde pública sério, por ser uma das principais causas de cegueira no mundo. “E é uma cegueira irreversível, o que é pior, pois na catarata é reversível. O dano que a diabetes causa no olho, muitas vezes destrói o tecido e não tem como trocar, porque não se troca o cristalino, não existe transplante de retina, por isso a importância de cuidar”, finaliza.Autor: Hospital de Olhos de Sergipe