Existem evidências de que pacientes com diabetes mal controlado ou não tratado desenvolvem mais complicações do que aqueles com a doença bem controlada. E quanto maior o tempo exposto ao mau controle, maiores as chances de complicações, como o comprometimento da retina. A retinopatia diabética é uma complicação do diabetes e é a maior causa de cegueira em pacientes em idade laboral. A doença é responsável por 4,8% dos 37 milhões de casos de cegueira devido a doenças oculares em todo o mundo (isto é, 1,8 milhão de pessoas).
Diabéticos têm quase 30 vezes mais chances de perder a visão
O cuidado com a saúde ocular do paciente diabético deve ser redobrado, pois ele tem quase 30 vezes mais chances de se tornar cego, se comparado com quem não tem diabetes. Além disso, cerca de 50% das pessoas que convivem com a doença desenvolverão algum grau de retinopatia diabética ao longo da vida. As chances de problemas oculares aumentam com o tempo. Após 15 anos de doença, cerca de 2% das pessoas com diabetes tornam-se cegos, e cerca de 10% desenvolvem perda visual grave. Depois de 20 anos, estima-se que mais de 75% dos pacientes têm alguma forma de retinopatia diabética.
A retinopatia acontece devido à falta de controle dos índices de glicemia e pode levar à perda da visão, uma vez que provoca alterações estruturais nos vasos sanguíneos da retina que são responsáveis pela formação das imagens. Neste caso, um material anormal é depositado nos vasos da região conhecida como fundo de olho, causando estreitamento e, às vezes, bloqueio, além de enfraquecimento da sua parede, o que causa deformidades conhecidas com microaneurismas, que frequentemente rompem ou extravasam sangue, provocando hemorragia e infiltração de gordura na retina.
O tratamento é mais eficaz nas formas iniciais da doença
Na maioria dos pacientes, não há sintomas oculares nas fases iniciais do diabetes. E, portanto, a gravidade da retinopatia está diretamente relacionada ao maior tempo de diabetes e ao descontrole glicêmico. Por isso, tão importante quanto a prevenção, com o controle dos níveis de açúcar, é o diagnóstico precoce da doença com a realização de exames oftalmológicos regularmente, a fim de identificar qualquer alteração. A retinopatia não tem cura, mas é possível reduzir as chances de perda total da visão, se for tratada de forma adequada.
Os principais sintomas da retinopatia diabética são visão borrada, percepção de pequenas “moscas” voando e perda repentina da visão. O tratamento é mais eficaz nas formas iniciais da doença. A retinopatia tem vários estágios que vão de leve até mais grave. Na forma leve, o acompanhamento é clínico; enquanto que, na mais grave, com risco de perda da visão, a doença pode ser tratada com fotocoagulação por raios laser.
Se você é diabético, consulte um oftalmologista! O controle preciso da glicemia pode reduzir até 76% dos casos de retinopatia diabética. Além disso, o tratamento iniciado de forma precoce reduz a chance de perda visual em mais de 90% das vezes. Aguardar que a visão seja comprometida para, então, buscar o acompanhamento médico oftalmológico pode causar cegueira irreversível, além de decréscimo substancial na qualidade de vida. Embora o exame periódico e o tratamento da retinopatia não eliminem todos os casos de perda visual, reduzem consideravelmente o número de pacientes cegos pela doença. Por isso, se você convive com o diabetes, mesmo que tenha os níveis de glicemia controlados, consulte um médico oftalmologista, pelo menos, uma vez ao ano.