Um número crescente de pessoas tem abarrotado as salas de consultórios oftalmológicos reclamando de sensação de areia e/ou de um corpo estranho, irritação e ardor nos olhos.
Não, não se trata de alergia ou uma infecção nos olhos. A maioria desses pacientes está sofrendo da Síndrome do Olho Seco, uma condição que afeta mais de 25 milhões de americanos, de acordo com a estimativa da indústria farmacêutica oftalmológica. Médicos oftalmologistas dizem que a síndrome é prevalece especialmente dentre mulheres e pessoas mais velhas e é a segunda reclamação mais freqüente, logo após problemas de visão.
Revestindo a superfície do olho está o filme lacrimal que consiste em três componentes principais – uma camada mais externa, formada por lipídios, uma mais oleosa, que previne a evaporação e uma camada aquosa, responsável por 90% da espessura e voluma da lágrima, misturada com uma substância gelatinosa chamada mucina que garante a aderência do filme ao olho. O conceito atual é de que o filme lacrimal represente uma estrutura contínua e essa divisão em camadas é uma escolha didática.
É uma epidemia. Inicialmente, eram mulheres na pós-menopausa. Agora pacientes de todas as idades tem esse problema.
Passar muito tempo em ambientes de baixa umidade, como edifícios de escritório com ar-condicionado ou cabines de avião, pode provocar os sintomas. Como também o uso prolongado de computadores e smartphones, já que as pessoas se esquecem de piscar enquanto os utilizam. Idealmente, uma pessoa deve piscar de 12 a 15 vezes por minuto.
Outros motivos por trás da síndrome incluem certas doenças autoimunes e medicamentos como antialérgicos e antidepressivos. Climas secos aliados ao vento também contribuem para os sintomas, assim como intolerância a lentes de contato e maquiagem para os olhos.
O olho seco evaporativo ocorre quando as chamadas glândulas de Meibomius, localizadas nas pálpebras superiores e inferiores não produzem óleo suficiente, ou quando ele não é de alta qualidade. Isso faz com que a camada aquosa das lágrimas evapore mais rapidamente.
Lacrimejamento excessivo pode ocorrer quando o corpo responde à secura ao produzir mais lágrimas como um mecanismo de proteção. Casos mais severos podem resultar em uma dor aguda, causada pela exposição de nervos à superfície seca do olho, que ficou irritada com a formação de erosões microscópicas.
O tratamento adequado para reduzir pode incluir diferentes tipos de produtos e abordagens. Alguns dos produtos mais recentes no mercado tentam resolver o problema com a reposição da camada oleosa do filme lacrimal. Para pacientes que utilizam colírios mais de três ou quatro vezes ao dia, os médicos recomendam a compra de colírio sem preservativo (conservante), o que pode causar algum desconforto. Preservativos, às vezes, são acrescentados às fórmulas dos colírios para prolongar a sua vida útil, o que pode causar a proliferação de bactérias.
Gel lubrificante e pomadas oftalmológicas podem auxiliar nos casos mais severos. Todavia, esses tratamentos podem causar visão embaçada e por isso, geralmente, são recomendados para uso noturno. Eles também são recomendados caso o paciente tenha uma condição que não permite que seus olhos se fechem completamente durante o sono.
Alguns pacientes se beneficiam com o uso de antiinflamatórios como esteróides ou ácidos graxos ômega 3 para redução da inflamação das glândulas ou com antibióticos tomados oralmente.
Outro procedimento para tratar o olho seco é a técnica de implante de plug lacrimal. É inserido um plug no canal lacrimal – o orifício no canto da pálpebra por onde as lágrimas são drenadas para trás do nariz e para a garganta – para que as lágrimas permaneçam no olho por mais tempo. O orifício pode ainda ser permanentemente fechado em um procedimento mais invasivo.
Enfim, a chave para o sucesso do tratamento é a correta identificação do problema. A modificação de hábitos nocivos à superfície ocular associada à adesão ao tratamento pode tornar a vida das pessoas com olho seco mais confortável.Autor: Wall Street Journal