Entre exames neonatais que podem prevenir doenças ou detectar alterações precocemente nos bebês está o “Teste do Olhinho”. O procedimento ainda não é obrigatório em Sergipe, mas tem fundamental importância na detecção de diversas patologias oculares.
O oftalmologista Fábio Ribas, especialista em retina e vítreo do Hospital de Olhos de Sergipe, explica que o teste permite encontrar problemas na visão do bebê, orientar a correção e, assim, evitar sequelas mais graves no futuro (como a cegueira). Confira a entrevista que o especialista concedeu à equipe do Bem Estar.
Márcia Pacheco Bem Estar – Qual a importância do Teste do Olhinho?
Fábio Ribas – O “Teste do Olhinho” pode ser realizado tanto nos primeiros dias do nascimento do bebê, ainda na maternidade, como também nos primeiros meses de idade. O teste, geralmente, é realizado por um especialista na área de retina, pois exige a dilatação da pupila do bebê. Através do procedimento, é possível observar se o bebê nasceu com os olhos perfeitos – córnea, retina e nervo ótico. O teste identifica se o paciente tem algum problema congênito – como glaucoma ou catarata –, se existem má formação ou tumores no fundo do olho. Caso seja identificada alguma alteração, fica mais fácil tratar nesta época do que descobrindo o problema mais adiante.
BE – Detectado algum problema, qual é o próximo passo?
FR – Se no “Teste do Olhinho” é identificada, por exemplo, uma catarata congênita (opacidade do cristalino), é indicada uma cirurgia imediatamente. Assim é feito com qualquer alteração que possa aparecer, para deixar os olhos do bebê aptos para o aprendizado da visão o mais rápido possível. Porque os bebês não enxergam bem nos primeiros dias de vida.
BE – Como eles enxergam?
FR – Muitas pessoas não sabem, mas o bebê enxerga pouco. A visão é turva e, para desenvolvê-la, a criança necessita de um aprendizado. A criança nasce com as duas pernas saudáveis, mas ainda não aprendeu a andar. É um processo de maturidade. O mesmo acontece com a visão. A criança que tem olhos perfeitos, mesmo nos primeiros meses, ela não enxerga bem. Ela apresenta uma hipermetropia já esperada para a idade. O bebê reconhece a mãe e o pai pela forma, pelo cheiro, pela voz. A visão fica mais nítida a partir do sexto mês. Por isso, é importante estimular a visão do bebê. Móbiles e cores fortes ajudam no processo.
BE – Qualquer criança pode passar pelo “Teste do Olhinho”?
FR – O Teste do Olhinho pode ser feito em todas as crianças, mas é essencial para os prematuros. Hoje em dia, graças ao avanço da neonatologia – pediatria especializada em bebês prematuros –, os médicos estão conseguindo salvar bebês que nascem com apenas 500g. Antigamente, recém-nascidos com esse peso não sobreviviam. A retinoplastia da prematuridade é algo que precisa ser visto e tratado com urgência, para que a criança não fique cega, devido a um descolamento de retina. O teste é fundamental nesse sentido.
BE – Como é hoje o acesso ao “Teste do Olhinho”?
FR – Em alguns estados, como em São Paulo, o teste ocular – não o completo com dilatação da pupila, mas o realizado com o auxílio de reflexo vermelho que permite ver opacidades nas estruturas do olho – é feito já na maternidade e é obrigatório. Em Sergipe, ainda não é obrigatório, mas o acesso é simples. Ainda na maternidade, os pais são orientados a realizar o “Teste do Olhinho”, nesses casos, o teste é feito no primeiro ou segundo dia de vida do bebê. Se não for feito na maternidade, os pais são orientados a levar o bebê ao oftalmologista.
BE – O procedimento causa algum tipo de incômodo ao bebê?
FR – É preciso pingar algumas gotinhas de colírio no olho do bebê. O colírio utilizado é de alta qualidade e especial. Esse é o incômodo. O bebê pode chorar, mas é pelo estranhamento, por não saber o que está acontecendo. É um exame rápido e indolor.
BE – Para os pais que não tiveram a oportunidade de proporcionar o teste ao seu filho, quais são os sinais de que a criança pode não estar enxergando vem?
Menu
FR – Existe um sinal clássico: se as fotos da criança apresentam um reflexo branco na pupila (menina do olho), isso pode ser sinal de que existe alguma opacidade naquele meio, e quando a luz do flash da máquina bate naquela estrutura, aparece um reflexo branco, que pode ser até mesmo um tumor no globo ocular. Nas crianças maiores, basta prestar atenção ao comportamento da criança para identificar problemas visuais.