O que é o Teste do Olhinho e qual a importância do procedimento?
– O Teste do Olhinho é um exame que pode ser realizado no bebê ainda na maternidade para observar o reflexo da pupila da criança. É um exame muito simples, não é invasivo. Durante o procedimento, o médico incide uma fonte de luz na pupila da criança e observa a cor do reflexo – que geralmente é vermelho ou alaranjado, a depender da luz incidida. A partir deste reflexo, é possível constatar a presença de vários tipos de lesões, como retinoplastia da prematuridade, cegueira, glaucoma, catarata, ou ainda infecções e traumas que podem ter ocorrido durante o parto. O objetivo é prevenir lesões irreversíveis e diagnosticar precocemente os problemas.
Então, o teste ajuda a evitar um dano maior à visão do bebê, caso ele tenha nascido com alguma lesão?
– Em média, 50% das crianças que nascem com problemas de visão têm a lesão descoberta quando já está perto da cegueira. Este é um dado alarmante. O Teste do Olhinho é capaz de descobrir cedo estes problemas que podem levar à perda total da visão. Até tumores podem ser detectados através do teste.
Descoberto algum problema, qual é o próximo procedimento?
– Dependendo da lesão e da patologia, é definido o tratamento adequado. Se for infecção, vai tratar com colírios e, se necessário, cirurgia, por exemplo. Glaucoma e catarata congênita são tratados também com cirurgia. E, no caso da retinoplastia da prematuridade, que hoje em dia é o foco principal do Teste do Olhinho, a princípio é feito um tratamento a laser e, em casos mais avançados, se faz também uma cirurgia.
Do que se trata a retinoplastia da prematuridade?
– A retinoplastia da prematuridade é uma alteração no crescimento da retina, que está indiretamente ligada à idade gestacional, peso e ao nascimento do prematuro. Quanto mais prematuro e menor o peso do bebê, maior a probabilidade de aparecerem as alterações da prematuridade na retina. Esta é uma das principais causas de cegueira em bebês.
O Teste do Olhinho é obrigatório?
– Antes era apenas obrigatório para partos de alto risco, prematuros e bebês nascidos com histórico de infecção, mas hoje o Teste tem se colocado como uma forma de conscientização. Não existe uma lei que obrigue, mas a orientação é que, mesmo os bebês que nasceram de gestação, partos ou pós-partos sem complicações passem pelo Teste do Olhinho. O Teste pode ser feito de duas maneiras: ainda na sala de parto, o médico pediatra utiliza uma lanterna com luz incidindo no olho do bebê para a observação do reflexo; ou o exame mais aprofundado realizado pelo oftalmologista, que conta com a dilatação da pupila para examinar o fundo do olho, além da frente. Neste último caso, não é só observado o reflexo, mas toda a estrutura ocular.
Ao nascer, a visão do bebê é limitada?
– Sim. O bebê nasce vendo vultos. Nós não nascemos sabendo andar, vamos amadurecendo até aprender. O mesmo acontece com a visão, que vai amadurecendo aos poucos, até conseguir distinguir formas, detalhes de rosto, cores. A visão da criança só está completa entre os cinco e sete anos de idade. É aí que a criança vai ter uma visão igual a de um adulto.
Sendo assim, é difícil para os pais perceberem sozinhos algum problema na visão do bebê?
– É muito difícil para os pais perceberem problemas. A alteração precisa ser muito grande para ser percebida só com a observação. Por exemplo, quando o olho do bebê não fica parado, está sempre mexendo de um lado para o outro; quando existe algum desvio – estes são sinais que os pais percebem. No entanto, para descobrir causas, é preciso procurar o médico. Mas o importante é fazer o teste mesmo sem perceber nenhuma alteração, pois, em muitos casos, os olhos parecem estar bem, mas podem conter alguma alteração.
Para os pais que não tiveram a oportunidade de fazer o Teste do Olhinho no bebê ainda na maternidade, é possível fazer depois?
– A orientação é que o teste seja feito nos primeiros 30 dias de vida do bebê, para que, se houver problema, ele seja descoberto logo no início. Em situações de prematuro extremo, pedimos os 30 dias para que o olho do bebê amadureça, mas também não mais do que isso. E o bebê saudável, mesmo que não tenha feito nos primeiros 30 dias, é importante que faca o mais rápido possível.
Mesmo com tantas informações, muitos pais ainda têm receio de fazer o Teste do Olhinho no bebê. Qual é o conselho?
– Muitos pais ficam com pena do bebezinho, achando que o exame é incômodo. Quanto a isso, os pais podem ficar tranqüilos. No exame, não são utilizados instrumentos, além do colírio e da luz. O Teste do Pezinho machuca mais que o Teste do Olhinho, em termos de comparação, mas todos fazem diante da importância do procedimento. O mesmo serve para o Teste do Olhinho.Autor: Texto retirado da entrevista concedida pela oftalmologista Mônica Andrade ao Caderno Bem Estar, do Jornal da Cidade. Jornalista responsável: Márcia Pacheco.