Os cuidados com a visão são importantes em qualquer idade, mas na infância torna-se fundamental já que a detecção precoce de qualquer doença é fundamental para o bom funcionamento da visão. Segundo o oftalmologista do Hospital de Olhos de Sergipe, Dr. Joaquim Fontes, especialista em estrabismo, quando existe alguma suspeita visual no bebê o exame oftalmológico deve ser feito logo ao nascer.
“Posteriormente, o paciente deve ser acompanhado aos seis meses, 2 anos, 4 anos e 6 anos, que é a fase de alfabetização. E periodicamente a cada ano. Isso porque o desenvolvimento da visão se dá desde a vida intra-uterina até os 7 anos de idade”, esclarece o médico.
As principais alterações oculares observadas nos exames preventivos e de rotina nas crianças são os vícios de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Além da ambliopia (“olho preguiçoso”) e estrabismo. De acordo com o oftalmologista, a ambliopia é a principal patologia que deve ser logo combatida porque pode levar a uma baixa visão. “Existem outras doenças, como catarata congênita, glaucoma congênito, ptose (queda de pálpebra), doenças infecciosas (rubéola e toxoplasmose), retinopatia da prematuridade e obstrução das vias lacrimais”, acrescentou.
Dr. Joaquim explica, ainda, que o exame para perceber o glaucoma congênito, a catarata congênita e retinopatia da prematuridade é feito através do exame do reflexo vermelho no próprio berçário ou na primeira consulta oftalmológica. “A catarata congênita é a causa mais importante de cegueira na infância. O tratamento é cirúrgico e deve ser feito o mais precoce possível. E o glaucoma congênito é uma má formação que impede a drenagem do humor aquoso do globo ocular, levando ao aumento da pressão e lesão das estruturas”, completou.
Quando a criança apresenta fotofobia (sensibilidade a luz), associada a um crescimento do globo ocular e lacrimejamento, acontece a suspeita de glaucoma congênito. O tratamento também deve ser feito de forma cirúrgica e precoce. “Já a retinopatia da prematuridade ocorre no recém-nascido prematuro, principalmente abaixo de 1500 gramas. Nessa doença, a retina não se desenvolve corretamente. O acompanhamento deve ser feito berçário para evitar complicações e cegueira”, alerta Dr. Joaquim.
Teste do olhinho
O teste do olhinho consiste em projetar uma luz sobre a pupila das crianças com o objetivo de observar o reflexo vermelho, proveniente da retina. “Esse teste deve ser realizado ainda na maternidade, tanto pelo pediatra quanto pelo oftalmologista. Qualquer patologia que impeça a visualização desse reflexo vermelho, como catarata, problemas na córnea ou na retina, deve ser diagnosticada o mais rápido possível, para um prognóstico melhor”, continuou.
Conforme o médico, o teste é simples, indolor e rápido, realizado através do oftalmoscópio. E sua principal importância é detectar precocemente as doenças que venham a comprometer a visão das crianças. E destaca: “50% das causas de cegueira infantil pode ser prevenida e tratada com o teste do olhinho”.
Menu
Computador e videogame
Outros casos de disfunção oftalmológica na infância e adolescência podem ser provocados pelo uso exagerado do computador ou do videogame. Trata-se da Síndrome do usuário do computador, uma doença da vida moderna. “Quando os olhos ardem, lacrimejam ou ficam vermelhos ao usar o computador pode estar ocorrendo alguma disfunção ocular. O uso do computador reduz significativamente o piscar, lubrificando menos o olho e consequentemente apresentando os sintomas da síndrome”, disse o especialista.
Ele enumera algumas recomendações para estes casos, como procurar piscar os olhos com maior frequência, se possível utilizar um lubrificante ocular, fazer pausas de 10 minutos para cada hora utilizada, manter uma distância de 60 cm da tela, manter o monitor levemente abaixo da linha da visão e utilizar cadeiras ergonomicamente confortáveis.
Autor: Jornal da Cidade – Caderno Bem Estar