O diabetes é uma das principais causas de cegueira, principalmente em países de terceiro mundo. É o que afirma o oftalmologista do Hospital de Olhos de Sergipe, Fábio Morais, especialista em retina e vítreo (USP) e uveítes e ultra-sonografia (Unifesp), ressaltando que o controle adequado da doença está relacionado a bom controle visual.
“O alvo do diabetes no olho é a retina, causando a retinopatia diabética. Isso acaba desenvolvendo fenômenos hemorrágicos no fundo de olho. Se a pessoa tem o diabetes bem controlado, a chance de desenvolver um problema na retina é bem menor”, disse o médico.
Por isso, o especialista destaca a importância de o paciente diabético fazer exames oftalmológicos preventivos, independente de sentir ou não algum problema. Além disso, manter um acompanhamento regular para ver o aspecto da retina e, assim, saber se o diabetes já atingiu o olho. “A evolução do diabetes no olho está ligada a dois fatores: ao tempo da doença e principalmente com o controle glicêmico, desde o controle do açúcar sanguíneo a fatores como sedentarismo ou tabagismo. Isso vale tanto para o diabetes tipo 1 quanto para o tipo 2”, explicou.
O especialista lembra que hoje existem exames modernos para diagnosticar e acompanhar a doença, como a retinografia fluorescente, OCT e o próprio exame básico no consultório. De acordo com ele, o médico vai dizer a depender de cada caso, mas normalmente os pacientes devem fazer consultas anuais.
A prevenção é feita com o controle rigoroso do diabetes e o principal tratamento varia desde o simples acompanhamento até cirurgias de retina. “Existe também a laserterapia, fotocoagulação a laser, em casos de hemorragias mais importantes. E mais recentemente, o uso de drogas intra-vítreas”.
Segundo ele, quanto antes observar e tratar, melhor. No entanto, existem casos e que a cegueira é irreversível, quando o paciente chega ao consultório em casos mais avançados. “Se o paciente tem bom controle, não terá chance. Por isso, friso a importância de frequentar o oftalmologista para se informar sobre os aspectos da doença”, alertou.
Dr. Fábio ainda acrescentou: “Geralmente, o diabetes tipo 1 é desenvolvido na infância. Assim, pelo tempo de exposição esses pacientes necessitam de um cuidado mais profundo. O diabetes é uma doença multidisciplinar, que merece cuidados desde o endocrinologista ao oftalmologista, angiologista e nutricionista. Se há uma boa interação no controle dessas partes, o diabetes não será sinônimo de que terá problemas na visão”, reforçando que eles devem realizar exames oftalmológicos frequentes.
E mesmo pacientes com boa visão podem ter sinal da retinopatia diabética, assim o médico enfatiza o diagnóstico precoce por ser uma doença que pode levar à cegueira. Porém, se tiver um bom acompanhamento, oferecendo possibilidades de tratamento, a chance de a doença não evoluir é muito boa.
Quando diagnosticada numa fase mais tardia, indica-se a laserterapia, cirurgia ou drogas intra-vítreas. E cada caso vai requerer uma avaliação pessoal do médico que estiver acompanhando o paciente. “O que queremos é diminuir o número de casos mais avançados. Nos países desenvolvidos o controle é melhor, sendo assim aparecem muito pouco. Nos primeiros anos não aparecem sintomas da diabetes, por isso recomendo que sejam feitos exames de glicemia com frequência para saber se é diabético”, completou.
A doença
A retinopatia diabética é uma lesão causada no fundo do olho pelas complicações do diabetes. Normalmente, no paciente diabético, mesmo controlando, as primeiras alterações no fundo do olho e os sintomas começam a aparecer a partir de cinco a 10 anos de doença.
O diabetes causa, principalmente, uma alteração na micro-circulação. E a do olho também está incluída e serve de parâmetro porque é o único lugar que podemos olhar a veia e a artéria, sem precisar cortar. Por isso, o que está acontecendo ali pode estar acontecendo, por exemplo, no rim, outro órgão acometido pela doença.
Essa alteração na circulação altera os níveis de oxigênio e a célula começa a sofrer, pois os nutrientes não chegam, o que faz com que ela comece a buscar outros meios para poder captá-los. O tecido começa a sofrer, começam as hemorragias, os vasos doentes aparecem e depois vem o deslocamento de retina, por isso que o diabetes cega, a retina atrofia.
Autor: Jornal da Cidade – Caderno Bem Estar